RESGATE
o coração resgata atitudes
que a mania de grandeza
me fez perder
madrugadamente insone
vago despudores iluminados
mergulhando
na amanteigada e derretida
piscina de Marrakesh
aonde a alma esquece o corpo
e deixa a imagem guiar a vontade,
como você significa apocalipse e condição,
no desfiladeiro inca do abandono,
repleto de ventos fisionômicos
e ansiosos pelo resgate histórico,
quando apenas anfíbios telepatam sangruras
o compromisso vaginal
equilibra a extorsão judiciária,
varridas as cores da lavoura
restou o cochicho entre o espantalho e o corvo,
no rastro do pedaço do céu derrubado
na vala das desocupações sem dentárias
apodrecendo descalços berros
de lendas subvertidas nos jazigos
das línguas mortas,
quando podre estiliza a moral mentida
unicamente porque só quem se entrega
permite o uso impiedoso,
ainda que a queda
ensine melhor do que o ganho