ÒPIO
Uma teia de vidro criei
nela ruas lapidei
com diamante preciso
nelas perdi o juízo
Fiz rendas no imaginário
tecidas com linhas finas
brancas, castas genuínas
como de bilros se tratassem
Pus amor lá pelo meio
viciei-me em tanta beleza
fiz panos pra por na mesa
de puro linho fininho
Criei pássaros e flores
bordei um universo de cores
tudo feito na perfeição
sempre pela mesma mão
Hoje olho para trás
e desse ópio me livrei
que nele a vista cansei
mas lá deixei muito amor...