RELÍQUIA NORDESTINA

Mirem-se na seca nordestina

de onde a água não mina nem cai,

a semente espera na terra vingar,

mas morre sem germinar.

A indiferença do sul e sudeste

fingindo não ver o nordeste e o norte,

o sujeito alinhado, o cabra da peste,

a diferença entre a vida e a morte.

A barriga vazia, a vadia fartura,

a miséria esperando pela agricultura,

a cultura aflorada e tão caudalosa,

inundando outras terras, assanhada e fogosa.

Os de baixo do mapa olhando pra cima,

desdenham e apagam a parca lembrança,

esperando a cantiga que entoa sem rima,

que vem de quem vive algemado à esperança.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 10/09/2013
Código do texto: T4475152
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