RELÍQUIA NORDESTINA
Mirem-se na seca nordestina
de onde a água não mina nem cai,
a semente espera na terra vingar,
mas morre sem germinar.
A indiferença do sul e sudeste
fingindo não ver o nordeste e o norte,
o sujeito alinhado, o cabra da peste,
a diferença entre a vida e a morte.
A barriga vazia, a vadia fartura,
a miséria esperando pela agricultura,
a cultura aflorada e tão caudalosa,
inundando outras terras, assanhada e fogosa.
Os de baixo do mapa olhando pra cima,
desdenham e apagam a parca lembrança,
esperando a cantiga que entoa sem rima,
que vem de quem vive algemado à esperança.
Saulo Campos - Itabira MG