Veredas da Humanidade
Assim caminha a humanidade
O pranto na sociedade
disfarçado de vaidade
discreto e inteligente
faz o rico e desaparece o indigente
Assim caminha a humanidade
Que seja venal antes de arte
Que sustente a mídia e a ideologia,
Que se diga culta ou de bom-senso
Que entorpece o homem e seu tempo.
Assim corre a humanidade
Violência é bela de ser ver,
nos telões e nas TVs,
não se mata mais com machado
agora é rápido, não se rompe o silêncio
Assim corre a humanidade
Os diplomados receberam
a clarividência dos deuses do Olimpo,
as palavras dos heróis não podem
ser contraditas por simples mortais.
Assim cambaleia a humanidade
O diferente ainda não é humano,
Ser homem é ser pouco,
é vir, é obedecer aos ancestrais
é não pensar, nem querer ser sábio, é esperar muito do mágico
Assim cambaleia a humanidade
O mundo da publicidade
que mata a diversidade
assassina de culturas
homogeniza todas as estruturas.
Assim tropeça a humanidade
A psicologia que com tudo lida,
aponta o atroz e o certo na vida.
Ensina-nos a lidar com o dia-dia,
mas nesta linha de montagem, com se muda os papéis na vida?
Assim cai a humanidade
Tantas religiões, tantas verdades
um impasse e uma necessidade,
a incumbência de maior amor
apague o pagão, apague a dor.
Assim cai a humanidade
O Homo Sofridius,
sofre o sueco
sofre o Moçambique,
muda somente os porquês.
***
Assim morre a humanidade
Quem sem coragem
se entrega a sociedade
e nos seus defeitos
deixa-se morrer.
Individualmente renasce a humanidade.