O DESEJO NA RUA DO OBSERVATÓRIO

O desejo, cambaleante,

desce as escadas velhas e caladas

do sobrado de uma rua

do Recife Antigo, do recife de sempre, de ontem e de hoje.

E alça o mundo

ocupa a rua,

a noite,

a vida.

E em delírio mágico de fogo ardente

caminha nu pelos

becos e assombros da cidade.

O desejo em pele e em êxtase, animal,

cai na calçada

que não é pública

porque o público faltou ao espetáculo do desejo.

E ele olha

as estrelas,

a frieza da noite,

e quer e sonha.

E o desejo do desejo se amarra

ao ar, ao tempo

ao estar ali: só e quieto deitado na rua nua e escura

Com o corpo exposto á vida: a vida do desejo.

O silêncio

de vida na rua.

Embrutece o desejo

que calado permanece a olhar

e sentir a ausência de si

que só deseja e deseja apenas.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 07/09/2013
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