O Vaga-Lume
Na densa mata a noite imensa parece não ter fim,
Ai de mim...
Estou presa numa teia de galhos emaranhados,
Uns nos outros os galhos se entrelaçam,
Oh, mau fado!
É uma arapuca que mais parece um cativeiro,
Tudo em volta é ameaçador e traiçoeiro,
Ai que medo!
Faz muito frio, estou trêmula e angustiada,
Pelo meu corpo sobe um arrepio, estou gelada,
Que desgraça...
Da profunda escuridão posso ouvir sons sinistros,
Oh, aflição... São presságios tristes e sombrios,
Que suplicio!
A ventania em ira sacode as árvores e assobia,
Nossa Senhora, que má sina a minha, quanta agonia,
Minha Virgem Maria!
Bati com a cabeça e quase desmaiei nesse breu,
Presa na natureza traiçoeira a minha alma ensombreceu,
Ai meu Deus...
Piscou uma luz diminuta na noite escura,
Pisco os olhos para ver, Cadê?! Cadê?!
Arguta e fortuita se furta...
Parece se esconder, que artreira e fugidia...
Mas, súbitamete o sol nasceu, raiou o dia,
Ai, que alegria!
Acredite, a luz tão pequenina que ví,
Iluminou a noite inteira dentro de mim.