Passado recente

Encontrei um resto de mata

Que foi preservada por lei

Onde havia uma linda cascata

Mas seu final eu não sei.

Tal vale ali escondido

Naquele clima de tristeza

Pois caminhei num sol ardido

E não vi tanta riqueza.

Imaginei aquele quadro

Em seu passado recente

E não estaria arranhado

O pulmão de tanta gente.

Não vi sinal de uma arara

E nenhum animal campestre

Como doença infecciosa que não sara

E a medicina desconhece.

Aquela imagem não era linda

Do que ali ainda existia

Como verruga em face que finda

Num corpo de veias vazias.

Mesmo assim achei um cipó

Sobre galhos no alto transado

Lá onde dorme o curió

Com sua amada do lado.

Descolei logo um balanço

E saltei na ribanceira

Pois sou persistente e não canso

Nem durmo sobre a trincheira.

Mas avistei foi terra morta

Degolada pelo arado

Que furaram a pele e aorta

Nesse deserto abandonado.

Voltei tão tenso ao presente

E foi assim que entendi

Desse clima tirano e quente

Que apareceu por aqui.

Francisco Assis é poeta e bombeiro militar

Email: assislike1@hotmail.com

maninhu
Enviado por maninhu em 07/09/2013
Código do texto: T4471445
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.