Passado recente
Encontrei um resto de mata
Que foi preservada por lei
Onde havia uma linda cascata
Mas seu final eu não sei.
Tal vale ali escondido
Naquele clima de tristeza
Pois caminhei num sol ardido
E não vi tanta riqueza.
Imaginei aquele quadro
Em seu passado recente
E não estaria arranhado
O pulmão de tanta gente.
Não vi sinal de uma arara
E nenhum animal campestre
Como doença infecciosa que não sara
E a medicina desconhece.
Aquela imagem não era linda
Do que ali ainda existia
Como verruga em face que finda
Num corpo de veias vazias.
Mesmo assim achei um cipó
Sobre galhos no alto transado
Lá onde dorme o curió
Com sua amada do lado.
Descolei logo um balanço
E saltei na ribanceira
Pois sou persistente e não canso
Nem durmo sobre a trincheira.
Mas avistei foi terra morta
Degolada pelo arado
Que furaram a pele e aorta
Nesse deserto abandonado.
Voltei tão tenso ao presente
E foi assim que entendi
Desse clima tirano e quente
Que apareceu por aqui.
Francisco Assis é poeta e bombeiro militar
Email: assislike1@hotmail.com