O poeta, louco e desvairado
Um pedaço de papel nunca fora suficiente
Para delinear as linhas que seguem a seguir
O poeta, aqui, rindo das mais sarcásticas histórias
Enquanto ouve-se o cair de uma folha sob sua mão
Ela, que já enfrentou grandes batalhas
E, talvez a mais árdua tenha sido a de saber que tem de
Tem de o quê?
Já que isso é... poesia?
Eu, poeta, louco, desvairado, criando enigmas na minha própria imaginação
Nada é
Assim como não deixarei de ser
Não posso soltar meus verbos por aí
Ou... posso?
A caneta continua
Gosta de brincar de sintaxe
Diverte-se sendo minha gramática
Meus presentes, pretéritos, futuros
Minha teia
E eu, claro, poeta, louco, desvairado
Seu aluno
Que os olhos não deixam mentir
Pensando em fazer rimas contestáveis
Porque minha gramática é minha
Meus pronomes, ah, escondidos na ocultação do sujeito
Eu que
Eu que o quê?
Você, poeta louco desvairado
Tirando suas vírgulas
Separando suas abstrações
Você poeta louco desvairado
Transformando o poder
A caneta em suas mãos não para
Não quer calar-se até a última gota secar...