Causo sergipano

Disse um coronel certa vez

Na minha casa mando eu

Esteja certo ou errado

Me pertence este sobrado

Era um sujeito poderoso

E por mais que quisessem destruí-lo

Ele prosseguia

Autoritário

Tinhoso

E, na sua soleira, se chegasse

Alguém com brincadeira

O coronel ele mesmo

Avançava destemido

Passava no indivíduo

Uma bofetada certeira

O coronel Filismino

Era respeitado, decente

E quem com ele se metesse

Tomava balaço quente

Fosse mulher, ele dava chance

Comida, roupa lavada

De quebra uma empregada

Nada faria a não ser

Reinar na cozinha, nas dependências da casa

E quem quiser que tocasse

Na barra da saia dela

Pro coronel arrancar-lhe as penas

Quebrar-lhe as duas asas

Contou-me isto um velho primo

Que enquanto dizia

Os olhos brilhavam

Como os olhos de um menino

Vendo aquilo que passou

Murmurava tão tristinho

De saudades do avô