Cacupé

O sol desceu apressado

O céu parece sangrar

Numa divina aquarela

Que faz a gente sonhar.

O mar apenas sussurra

Vazia dança a canoa

Com a gaivota solitária

Que veio pousar na proa.

Voa a garça como a alma

De um poeta a se perder

Um peixe salta das águas

Pra ver o dia morrer.

Sobre as ondas refletida

Já se embala docemente

A estrela recém nascida

No rumo do continente.

Acendem luzeiros distantes

Bordando o mar e o manto

Da noite que vem vestida

De magia e de encanto.

Dum feiticeiro o vulto

Surgido à luz da lua

Vem celebrar um culto

Na praia que já foi sua.

Entre os ramos da aroeira

Se repetem como mantra

Em linguajar esquecido

Lamentos da ave insone

Pelo paraíso destruído.

Acioly Netto - www.guiadiscover.com

Acioly Netto
Enviado por Acioly Netto em 06/09/2013
Reeditado em 03/12/2017
Código do texto: T4468967
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