Mais um Blá

Para onde olho, vejo apenas pessoas mortas.

Descendo elevadores de shoppings com dúzias de sacolas

Eu olho e penso: morto.

Mordendo o resto triturado, moído, esmagado e frito

De um animal

Estão as pessoas que daqui a menos de meio século estarão mortas Mortas, enterradas e esquecidas.

Arrancando os cabelos do cu com pinça de stress

Por causa da faculdade, olhando o celular, elas atravessam a rua

Sem olhar para os lados; por sorte ou azar, na hora seguinte

Poderão ter os parentes e amigos pranteando o corpo num necrotério.

Com bolsas pretas e inchadas sob os olhos

Estão as pessoas que odeiam viver a vida com poucas horas de sono

Se esquecendo que a eternidade reserva um confortável leito

Estendido para todos.

Eu, roendo uma maçã com o miolo marrom, apodrecido

Pensando naqueles que expurgam seu sofrimento existencial em poesia

Estalo muxoxos seguidos.

Esse monte risível de esperança de mudança, de revolução: para quê?

Não saber de nada e nada saber.

Apenas esperar o abate.

Preenchendo esse vazio com qualquer estofo de felicidade que aparece.

Essa.

É.

A vida.

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 05/09/2013
Reeditado em 05/09/2013
Código do texto: T4468392
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