Grito

Dentro

É dentro que está

Na carne física

Na carne da alma

Na corrente sanguínea

Inserido em cada verso

E comigo irá

Pelas distâncias

Nas cordas dos violões que choram

Nas estrelas insondáveis

Dentro das retinas

Nos poros

Na transcendente imaterialidade da poesia

Na pele de seda de um poema

Cujo tema

Desenha Atlânticos, Índicos e Pacíficos

Cujas estrofes enquadram o leite das galáxias

Depois novos mundos

Histórias apagadas

Depois é o soluço de um anjo na janela

Um grito na madrugada

Não, não se trata do corvo desesperado de Lenora

Não, não se trata do rouxinol no balcão de Julieta

Mas do silêncio

Do nada