BRUMAS DA SAUDADE
Nas brumas leve dos sonhos
Minha alma não tem algemas
Tem asas,mas não tem pena
Pena do meu coração
Qual andorinha ferida
Volta sempre ao velho ninho
Aureolado de espinhos
Que o tempo lançou ao chão
Pareço ali neste mundo
Um andarilho sem nome
Buscando matar a fome
Entre os escombros do adeus
Nunca temo o pernoitar
Da sombra sobre meu rosto
Pois ela oculta o desgosto
De cada soluço meu
Pois ela oculta o desgosto
Que trás o romper do dia
Quando a luz se irradia
Neste atro empoeirado
Onde reviro as lembranças
De um tempo que fui feliz
Enquanto o destino quis
Deixar mamãe ao meu lado
Enquanto o destino quis
Me ver sonhar e sorrir
Sonhar sem ter que dormir
No aconchego maternal
Sorrir de tudo na vida
Contando do dia as horas
Pra poder voltar da escola
E ter meu beijo ideal
Pra poder voltar da escola
Treinando pelos caminhos
Os mais bonitos versinhos
Que ensinou-me a professora
Pensando sempre comigo
No jeito mais comovente
De recita-los contente
A minha progenitora
De recita-los contente
Despertando o encantamento
Das flores de meus momentos
Mamãe,papai e irmãos
E ao som de muitos aplausos
Receber os meus troféus
Nos beijos santos de mel
Daquela linda união
Vai-se o tempo,vão se os anos
E um dia o mel cristaliza
Vira sal e se eterniza
Na alma do ser mortal
E os caminhos se quebram
Destruindo nossa sorte
Trazendo pra vida a morte
Do nosso sonho ideal
Trazendo pra vida a morte
Do sono que vai embora
Leva os sonhos,leva as horas
Só não me leva a esperança
De um dia alçar meu voo
Em planisférios distantes
E unir-me as almas amantes
Que teceram-me a infância!