UM GRITO

Um grito,

nem sempre

será de espanto,

ele pode ser

apenas de prazer

quando dado

sem-pudor,

sem-vergonha,

só para os ouvidos

de quem o provocou.

Um grito,

quando de êxtase,

excita até os deuses

que inventaram o amor,

porque até entre os deuses,

um grito de prazer

jamais será

pura banalidade.

Um grito,

no entanto,

pode não ser de prazer

e nem de espanto,

se ele for de ódio,

é tragédia anunciada,

é loucura,

daquelas que nos faz perder

loucamente

a razão.