A CORUJA
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
“Falso. Verdadeiro. Inventado”.
João Guimarães
(Grande Sertão: Veredas)
O cantar da coruja me desencanta
E me leva ao páramo profundo,
O teu gorgeio rasga mortalha me espanta
Ao ouvi-lo cristão ou ateu jamais vai ter crença neste mundo.
Canta ave maldita! Símbolo da sabedoria! Gorgeia sem parar!
Encanta, desencanta e espanta tua voz arrebentada!
Remove para os corações mortais o dom de amar
Especialmente para quem tem a alma iluminada.
A tua felicidade ou agouro de infelicidade cantando,
Onde o teu canto é sempre um soluço brando
Ao vibrar teu rasga mortalha num momento de emoção.
É verdade, o teu cantar representa a dor que invade
Este coração triste, cheio de muita saudade,
Esta humilde bactéria vivente.