À PROCURA DE MIM MESMO

Eu que não sei quem sou,

Ando à procura de mim mesmo,

Por tantas questões da minha existência,

Tantas quanto tantos pensadores as têm.

Por tantos destinos me cruzo,

Sem saber qual é meu,

E se souber qual é o meu,

Estarei no destino certo ou errado?

Tudo é falho, nada é certo,

Nada é falho, tudo é certo,

Tenho tanta certeza,

E dessa certeza tudo e nada é garantido.

Ao que tudo me é permitido,

E ao que nem sequer me permitem,

Faço um longo caminho,

Que julgo ser longo,

Mas que é tão perto,

Que já nem sei qual é o caminho longo,

Ou o caminho perto.

A certeza que estou vivo,

Confronta-se com a incerteza que estou morto,

E a incerteza que estou vivo,

Confronta-se com a certeza que estou morto.

Mergulho no meu horizonte da memória,

Onde as lembranças que tenho,

Nada mergulham no meu horizonte da memória,

Sem saber se são mesmo lembranças.

São tantos os meus medos,

Que já nem sei se são medos,

Ou apenas ilusões da minha vida,

Ou ilusões da minha morte.

Tudo o que faço é viver,

Tudo o que faço é morrer,

Deste viver em um mundo sobrenatural,

E morrer em um mundo natural.

Ouço a voz divina do mundo,

Que já nem sei se é divina neste mundo,

Onde o bem prevalece sobre o mal,

E o mal prevalece sobre o bem.

Tudo é questão de um pensamento,

Um pensamento é que é a questão de tudo,

Nada é questão de um pensamento,

Um pensamento é que é a questão de nada.

Esse tempo renovador de todas as coisas,

E todas as coisas é que são renovadoras desse tempo,

Tudo está em constante mutação,

E a constante mutação está em tudo.

Sinto tanto amor no coração,

Que este coração não pode sentir tanto amor,

E se o sente tanto,

Pode também deixar de o sentir.

O desafio está permanentemente na minha vida,

Ou a minha vida está permanentemente no desafio,

Uma situação que me deixa tão inseguro,

Da segurança que sou feito,

Que não pode haver mais segurança,

Do que a insegurança que me faz a minha segurança.

Sou assim tão simples e tão complexo,

E não sei se sou mais simples ou mais complexo,

O que é tão complexo será tão simples?

O que é tão simples será tão complexo?

Minha alma chora de tristeza,

Na minha alma que também chora de alegria,

Chora mais de tristeza ou chora mais de alegria?

Uma balança de sentimentos da minha alma,

Onde balanceio o que é triste e o que é alegre,

Vejo as coisas lindas nas coisas tristes,

Vejo coisas más nas coisas lindas,

Sou todo um ser humano questionável e simples,

Sou todo um ser humano complexo e inquestionável.

Tenho fome de me conhecer por completo,

E às vezes parece que enlouqueço,

Talvez por ter fome de me conhecer por incompleto,

E às vezes parece que estou lúcido.

Sofro tanto quando estou contente,

Que não posso estar mais contente quando sofro,

E estou contente quando estou tão triste,

Que não posso estar mais triste quando estou contente.

Tudo tem um peso e uma medida,

O meu peso não tem medida,

A minha medida não tem peso,

Não sei qual é a quantidade de ambos,

Mas sei que tenho um peso e uma medida.

Tenho muito sonhos nesta vida,

Ou será que a vida é que tem muitos sonhos?

Os sonhos são a minha vida,

A vida são os meus sonhos.

Ângelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 03/09/2013
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