É tão estranho e sem sentido
É tão estranho, tão sem sentido;
Que o amor que outrora reinava
Sobre o coração, que docemente desabrochava;
Agora seja parte do passado, esquecido...
Como pode o amor ser tão intenso,
Ser dono de nossos pensamentos,
E depois ir embora com os ventos
Do esquecimento, tão rápido quanto dura um incenso?
Amor que ferve em saborosas
Chamas de desejos tão ardentes,
Depois esfria; e as chamas quentes
Se apagam, restando cinzas e brasas...
Talvez porque hoje em dia
Já não exista mais o amor verdadeiro;
Daquele que nos domina por inteiro
E enfeitiça nossa alma com magia...
Mas por que o amor se transforma
Através dos tempos como mutante,
E em nossa época está tão irrelevante
Aos olhos do coração, de tal forma?
Pudera eu estar nos áureos tempos
Onde o amor era a filosofia de vida
Onde o coração da amada tão querida
Era a eterna luz a mover nossos pensamentos...
Mas o mundo se transforma de tal maneira
Que até os corações mais apaixonados
São tão fiéis quanto soldados
Que abandonam a Pátria por sexo e bebedeira!
Talvez seja besteira escrever esses versos
Destroçando o amor em amargas rimas;
O amor existe, amo até minhas primas
Com desejos e sentimentos na heresia imersos...
Amo de coração também aquela menina,
É uma doce criança a minha namorada,
Amo também, às escondidas, a minha cunhada
Tanto quanto qualquer uma que eu venha a conhecer numa esquina...