O parque da gente
O frio me fez esconder na coberta
O sol me faz chorar pelos poros
O meteorologista às vezes acerta
Tem sido assim onde moro.
Um dia tomo banho gelado
Noutro somente com ducha quente
O clima anda tão desregulado
E os seres vivos ficando ausente.
O planeta vive de mudanças
Respondendo o ataque sofrido
Estamos perdendo a herança
E o tempo de vida foi reduzido.
Rio que navegava chalana
Hoje não passa uma canoa
O sono não invade mais minha pestana
E a tempestade não vem atoa.
Surpreendemos com grande enchente
Aquele afluente menos lembrado
Quebrando pontes das mais potentes
Deixando bairros todo alagado.
Estamos sofrendo um pesadelo
Com dificuldade até pra dormir
Aquém faremos apelo
E em qual porta irei sair?
O estado sólido das geleiras
Estão dissolvendo no mar
Uma morte certa duma vida inteira
Um triste adeus sem abraçar.
O calor arde na sombra
E seca casca de jatobá
Tem gente que ainda zomba
Do vulcão que acorda lá.
O ecossistema tem sido bruto
Apertando o elo dessa corrente
Leva alma e deixa luto
Destrói o parque da gente.
Francisco Assis é poeta e bombeiro militar
Email: assislike1@hotmail.com