INDAGAÇÕES

(SEXTINA)

Tanta coisa se perde onde me encontro

e tão vazio fico em consequência

que vai-se o sentimento em mim findando,

tornando-me mais rude e sem afeto...

Quando deixei a infância (me pergunto)

eu me tornei maduro ou foi mais duro?!

Por certo o coração ficou mais duro

e a alma triste, sem ter mais encontro...

O que mais tenho? O que mais sou? Pergunto,

e, perguntando, sinto, em consequência,

um arrepio frio em que me afeto,

enquanto o sol se vai no céu findando...

Não é difícil ver o sol findando

quando ele é o próprio amor que, ao peito duro,

ainda bate, à espera de que o afeto

tenha restado e vá ao seu encontro

para brindarem toda a consequência

que então derrotariam?! Me pergunto.

Nesse impasse, de novo, me pergunto:

Por que é que as coisas boas vão findando?

Por que, se há, disso, tanta consequência?

Por que é que o coração fica tão duro?

Só pra quebrar o amor que vai de encontro

para abrandá-lo com seu doce afeto?

Ah, bom seria que esse mesmo afeto

voltasse a este peito ao qual pergunto,

e, então, fosse de manso ao meu encontro

e que a dureza fosse em mim findando

trazendo mansidão ao peito duro

e o amor voltasse como consequência!

Como é ruim de um fato a consequência

não ser como sonhada, eu já me afeto,

será o meu destino, eu me pergunto,

ter transformado o peito e ser tão duro

e no estado tristonho em que me encontro

deixar que se me vá o amor findando?

mas disso não encontro a consequência;

apenas, me findando todo afeto,

enfim não mais pergunto, pois sou duro.

Kleiton Muniz
Enviado por Kleiton Muniz em 01/09/2013
Código do texto: T4461978
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