CANÇÃO DA NOITE

A tarde traz consigo o abismo.

Uma anomalia chamada noite.

Um véu de espantos e traumatismos,

ossos quebrados e cantores ocultos.

Um piano que se dissolve na ionosfera,

e pregos que atravessam o sonho imaculado.

Um farrapo de destino e o golpe de um martelo,

são todas as metáforas para o assassinato.

Despencou a lua do céu azul-profundo,

como se a gravidade realmente se importasse.

Ela é apenas indiferente a nossas asas,

de anjos que se esqueceram de um céu convexo.

Partir por entre a arquitetura da escuridão

faz perder o senso do nunca mais.

Ignorar espécies no emaranhado de sintaxes

é ter certeza da intenção estar realmente oculta.

Pois não vim, muito menos cheguei aqui.

Estou dissolvido nessa imitação da noite

que mancha as pálpebras de quem quer sonhar.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 01/09/2013
Código do texto: T4461754
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