A MULHER DOS DESPAUTÉRIOS
Deitada no batente
de uma casa na Rua do Príncipe,
dizia despautérios:
"Aquele porra que ficava na Rua da União me paga
Eu disse que não fosse,
que ficasse,
que não me humilhasse".
O sol quente do dia tórrido
numa América tórrida
não atrapalhava seu discurso
que continuava sem nada perceber.
A vida continuava para ela
para todos e para ninguém.
os olhares do dia e da vida não a atormentava.
A vida prosseguia sem nada saber da mulher dos despautérios.
"Não quero mais saber dele,
eu disse aquele filha da puta
que não me abandonasse...
puta que pariu
filho da puta".
O ar nada dizia.
As obrigações,
as análises não levavam em consideração
àquela mulher.
A mulher dos despautérios.
Figura negra, mesmo para o dia claro,
mesmo no dia branco de sol.