A MULHER DOS DESPAUTÉRIOS

Deitada no batente

de uma casa na Rua do Príncipe,

dizia despautérios:

"Aquele porra que ficava na Rua da União me paga

Eu disse que não fosse,

que ficasse,

que não me humilhasse".

O sol quente do dia tórrido

numa América tórrida

não atrapalhava seu discurso

que continuava sem nada perceber.

A vida continuava para ela

para todos e para ninguém.

os olhares do dia e da vida não a atormentava.

A vida prosseguia sem nada saber da mulher dos despautérios.

"Não quero mais saber dele,

eu disse aquele filha da puta

que não me abandonasse...

puta que pariu

filho da puta".

O ar nada dizia.

As obrigações,

as análises não levavam em consideração

àquela mulher.

A mulher dos despautérios.

Figura negra, mesmo para o dia claro,

mesmo no dia branco de sol.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 31/08/2013
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