BRINCANDO DE SER POETA

Há certos momentos da vida,

Em que a inspiração convida

E o meu verso corre livre...

Vai longe, longe, distante,

Sem encontrar barreiras,

Sem descobrir as fronteiras

Do real e do imaginário.

Vai ao mundo do Barroco

E se faz sofisticado.

Sente-se, então, como louco;

Tudo é tão exagerado!

Fica pouco, gosta menos.

Não quer saber de incertezas.

Procura espaços amenos

Onde imperem as belezas!

Vai ao Paraíso Romântico;

Sente-se aí bem melhor,

Se bem que não saiba cânticos

Pra cantar o seu redor.

A norma é rígida, severa.

O verso pra ter valor,

Tem que brotar da austera

Mente de um bom cantor.

E o meu verso tenta cantar.

Canta os melosos amores,

Canta o céu, a natureza;

Canta a alegria das flores,

E dos pássaros, a pureza.

Mas, rompendo com as normas,

Quer ser livre, espontâneo...

Corre apressado ao presente

E no Moderno se solta.

Pode fazer-se cantado

Es ti ca do

Que do

bra

Ninguém liga,

Tudo é certo.

O que tem real valor

É a inspiração que comanda

E traz pra fora da gente

Tudo aquilo que se sente!

....................................................

Meu verso já está exausto.

Formou-se de tantos modos,

Brincou tanto, foi tão longe,

Em eras que não são dele!

Agora, recolhe-se ao ninho

De mãos dadas com a inspiração

Que vai ficando so...no...len...ta...

E, de mansinho... adormece.

NEUSA RAMOS
Enviado por NEUSA RAMOS em 31/08/2013
Código do texto: T4460425
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