BRINCANDO DE SER POETA
Há certos momentos da vida,
Em que a inspiração convida
E o meu verso corre livre...
Vai longe, longe, distante,
Sem encontrar barreiras,
Sem descobrir as fronteiras
Do real e do imaginário.
Vai ao mundo do Barroco
E se faz sofisticado.
Sente-se, então, como louco;
Tudo é tão exagerado!
Fica pouco, gosta menos.
Não quer saber de incertezas.
Procura espaços amenos
Onde imperem as belezas!
Vai ao Paraíso Romântico;
Sente-se aí bem melhor,
Se bem que não saiba cânticos
Pra cantar o seu redor.
A norma é rígida, severa.
O verso pra ter valor,
Tem que brotar da austera
Mente de um bom cantor.
E o meu verso tenta cantar.
Canta os melosos amores,
Canta o céu, a natureza;
Canta a alegria das flores,
E dos pássaros, a pureza.
Mas, rompendo com as normas,
Quer ser livre, espontâneo...
Corre apressado ao presente
E no Moderno se solta.
Pode fazer-se cantado
Es ti ca do
Que do
bra
Ninguém liga,
Tudo é certo.
O que tem real valor
É a inspiração que comanda
E traz pra fora da gente
Tudo aquilo que se sente!
....................................................
Meu verso já está exausto.
Formou-se de tantos modos,
Brincou tanto, foi tão longe,
Em eras que não são dele!
Agora, recolhe-se ao ninho
De mãos dadas com a inspiração
Que vai ficando so...no...len...ta...
E, de mansinho... adormece.