CAATINGA DE CIMENTO

Quem dera fazer poesia feito o povo do sertão

mas faltando seca e fome, e com uma farta irrigação,

fica o poema inundado nunca se mostra perfeito,

deixando o poeta triste acabrunhado e sem jeito.

Em meio a tanta fartura que provoca o desperdício,

na caatinga de cimento donde brotam os edifícios,

os homens roubando a gente e vai ficando por isso

a gente tratando deles e tudo tornado um vício.

Mas ainda assim é um privilégio pros poeta mais do sul,

que se torna um sacrilégio denegrindo a santa arte,

pois nordestino com fome, sem estudo e quase nu

vai exibindo talento que é bem visto em toda parte.

Ficam nossos governantes indiferentes ao fato,

ignorando os que vivem tendo pouca condição,

sem saber que no nordeste se esconde o pulo do gato,

e explorando feito peste a cultura do sertão

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 31/08/2013
Reeditado em 07/09/2013
Código do texto: T4460068
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