CAATINGA DE CIMENTO
Quem dera fazer poesia feito o povo do sertão
mas faltando seca e fome, e com uma farta irrigação,
fica o poema inundado nunca se mostra perfeito,
deixando o poeta triste acabrunhado e sem jeito.
Em meio a tanta fartura que provoca o desperdício,
na caatinga de cimento donde brotam os edifícios,
os homens roubando a gente e vai ficando por isso
a gente tratando deles e tudo tornado um vício.
Mas ainda assim é um privilégio pros poeta mais do sul,
que se torna um sacrilégio denegrindo a santa arte,
pois nordestino com fome, sem estudo e quase nu
vai exibindo talento que é bem visto em toda parte.
Ficam nossos governantes indiferentes ao fato,
ignorando os que vivem tendo pouca condição,
sem saber que no nordeste se esconde o pulo do gato,
e explorando feito peste a cultura do sertão
Saulo Campos - Itabira MG