Acampado em meus pensamentos
Acampado em meus pensamentos
Acampado em meus pensamentos armei uma barraca
Cravei bem fundo estacas de lembranças infantis, são mais fortes
Estiquei as cordas de amizades sólidas e fiz um breve abrigo na grama
Lá dentro minha mochila e um colchonete feito dos afagos recebidos
Dormi
No despertar repentino uma luz solar muito forte penetrou minha mente
Acordei, e com olhos embaçados, vi que estava na planície do meu coração
Tudo era emoção no calor adorável que aquela brisa matinal carregava mansamente
Fiz um café forte de paixão e devorei o melhor pão feito à mão de mamãe
Andei
Fatigado de tanto caminhar em bosques floridos e rios translúcidos sentei
Olhei o céu da vida sob uma árvore tão frondosa que abrigava pássaros livres
Pensei tão firmemente na minha vida que descobri que o céu mudava de cor
Nuvens chegaram do nada, raios e trovões impuseram a vontade da natureza
Voltei
Minha barraca lá derrubada, minha mochila sumiu, meu colchonete virou lama
O coração já batia forte no meu peito arfante e senti a pele molhada, suor
Um rosto esfrego com uma mão seca, a boca úmida e língua áspera, pedra
Sinto as pernas pesadas agarradas no tronco doído e finalizadas em pés duros
Acordei
Sem mais nada a fazer invejei minha mente, meu sonho e pulei da cama
Desejei esse sonho, em preces, aos mais velhos que dormem nos asilos, sós
Com a força do meu pensamento pedi à Deus que fabrique sonhos para eles
Pois os jovens já tem barraca, mochila e sacos para dormir acordados nessa vida
Fui trabalhar...
Roberto Solano