ASTRONAVE PARA NOIA

Num retórico paradoxo atrofiado

embalei esse meu canto distorcido

de guitarras e assovios mal vividos,

solidão que derramei pelo caminho

entre rastros assombrados fumegantes

de acordes trastejados, dissonantes,

desferidos contra um reles sonhador.

Microfonei todo o universo fraudulento

e prostrei-me sobre a sela rosto ao vento.

Após ter viajado o mundo inteiro

na inércia de um alado arrepio,

flutuei sob a nevasca e inalei

a essência do meu ser sempre vazio,

navegando pelos mares que inventei,

em navios de fumaças revoltosas,

entre deuses e demônios que criei.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 29/08/2013
Código do texto: T4456921
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.