ASTRONAVE PARA NOIA
Num retórico paradoxo atrofiado
embalei esse meu canto distorcido
de guitarras e assovios mal vividos,
solidão que derramei pelo caminho
entre rastros assombrados fumegantes
de acordes trastejados, dissonantes,
desferidos contra um reles sonhador.
Microfonei todo o universo fraudulento
e prostrei-me sobre a sela rosto ao vento.
Após ter viajado o mundo inteiro
na inércia de um alado arrepio,
flutuei sob a nevasca e inalei
a essência do meu ser sempre vazio,
navegando pelos mares que inventei,
em navios de fumaças revoltosas,
entre deuses e demônios que criei.
Saulo Campos - Itabira MG