Amargo veneno

Passou por mim um vento intrigante,

Revirou minha falida história de amor.

Pensamento criou asas, num breve instante

A consciência de regar a vida, como me opor?

Cansada das mesmices, protocolos quebrei.

Dispensei tudo que não mais causa impacto,

Da Vida sem graça que eu mesma fragmentei

Querendo com a solidão firmar pacto.

Cansada do jogo sujo, da ausência e descaso

Liberto-me agora sem sangrar as feridas

Desse amor unilateral, sem brilho, um fracasso!

Me debato, saio desse escuro exaurida.

Regurgito seu amargo veneno

Que por amor bebi e degustei.

Minh’alma mansa deixa-lhe um aceno.

E nesse cálice, nunca mais beberei!

Busquei no diálogo a solução que não veio

Sem vez nem voz, e sem mais enleios

Resta-me partir e seguir avante...

Pois seus olhos já não me olham como antes.