A saga da Arte

Arte nasceu não na segunda, mas na primeira-feira

e vai morrer não numa sexta, mas numa sétima-feira

Assim é quem já foi subversivo e perigoso.

E ela foi. Ora se foi!

Foi negada,

foi ofendida,

foi expulsa,

foi torturada,

foi assassinada.

Sim, ela foi. Ora se foi!

Mas é tão forte que voltou e volta em mil encarnações.

Arte muda vida, muda o mundo.

Muda as coisas em um segundo.

Arte é esperta,

dribla a todos que por ela passa,

dá um jeito e se encaixa

na vida de qualquer um.

Arte um dia talvez tenha sido uma só,

o espírito dela agora são dois.

Agora são almas gêmeas, da mesma origem.

Não sabem ou negam suas raízes,

apenas brigam.

Elas se socam e se descabelam,

e se arranham,

e se empurram,

e se xingam...

Fazem guerra.

– Você não é arte – uma delas berra.

– Você que não é – a outra esbraveja,

e as duas rolam na terra.

Às vezes temos a impressão de que arte é louca,

de que Arte é vazia,

de que Arte é chocha,

de que Arte é chata,

de que Arte é chula,

de que Arte é ultrapassada.

De que Arte é o quê mesmo?

De que arte está falando?

Não seria arte clássica

ou a arte do malandro?

Arte está aí,

quem quiser pode vir.

Ela é de todos e de ninguém.

Sabe disso quem a conhece bem.