Observâncias
Devidas forma da minha loucura
se fazem natas, minhas armaduras
contra o dispêndio de uma sensatez,
contra o compêndio dessa embriaguez.
Delírios parcos dessa formosura
se fazem flores, cores de um jardim
de magnólias, lírios e jasmins,
de ervas daninhas, matos e capins.
Desfaço o traço nessa reta curva
e faço a letra, verso e partitura,
faço a canção disforme de uma vida
que tão cansada dói como ferida.
Que valham ventos, amores e sentimentos
dos mais profundos até tempestades,
da poesia antiga da calamidade
que faz das rimas sua eternidade.
E da cadeira da varanda observâncias
de um par de olhos profundos semicerrados
olhando um horizonte fragmentado
sem sol, sem lua, somente uma inspiração.