PENUMBRA
Num atalho da vida,
na vila, sentado na mó,
achei no meu rancho
árvore de uma fruta só,
inda verde prá ser mordida,
uma belezura coberta de pó.
Fui na cacimba
peguei água, rompendo cipó.
Cortava a braquiária
tão profundo que dava dó.
Lavei-a sem tirar do pé,
ressaindo o brilho sem nó.
Todo dia cruzava o atalho
só prá vê-la bela, um xodó.
De madura, soltou do galho.
Deu uma semente só.
Germinou em terreno alheio,
levada por um curió.