Açoites que escuto
Oh saudade pare de chicotear
Meu lado esquerdo está ferido
Não tenho aquele amor para amar
Meus dias estão sofridos.
Às vezes nem sei por que apanho
Vivo momentos de tortura
Quando não me bate eu me arranho
A tristeza arrasta e segura.
Guardo você na lembrança
E até nos açoites que escuto
A cicatriz levará como lembrança
E a saudade tem espancado dum jeito bruto.
Vou resistindo às pancadas
Nem curativo posso fazer
Tudo culpa daquela amada
Que finge não perceber.
Vivo temendo a cada minuto
Pela falta que ela me faz
Estou perdendo, mas eu luto
Trazer de volta a minha paz.
Oh saudade avise também
Quando deixará de bater
Não serei sempre seu refém
Não ignore desconhecer.
Não percebo quando aproxima
Impossível me esconder
Chega violenta e fora de rima
E projeta as formas de bater.
Sem rumo e sem carinho
Vou escondendo os hematomas
Tatuado pelos espinhos
Um sofrimento sem soma.
A cada surra que ganho
Solto gritos pelo vento
Já não acho assim tão estranho
Eu apanho, mas sou marrento.
Porém, já descobri um jeito
O lado esquerdo irá blindar
Ficará resistente meu peito
Sem janela pra ela entrar.
Francisco Assis é poeta e Bombeiro militar
Email: assislike1@hotmail.com