ORDEM NATURAL

Corrompida ordem natural da vida

Pranteia o filho morto o desolado pai

Chora inconsolável a mãe emudecida

A terra silencia ante a lágrima que cai.

Violência: resposta torpe e embrutecida

Ao descaso social, a permisividade brutal

Gerada na ignorância e do medo acrescida

Tira da vida humana sua ordem natural.

Onde a justiça estava na hora da bala perdida?

Misericórdia não tira férias, nem a caridade

Então...porque essa dor tão cruelmente sentida

Por pais que dos filhos só terão a saudade?

Pior do que tudo, assombra-me a impunidade

Nesta terra abençoada, todos perdem a memória

Ante a “propina”, a ameaça, ou a ambigüidade

Esquecem os homens que fazem sua própria historia.

Pode não haver mais volta desse anunciado final

Onde tombam os jovens em suplício tolerado

Foi marcado sacrifico ante a hecatombe moral

Assassinato impune do porvir já condenado.

Pelo mundo corre o sangue encharcado de terror

Seja do pobre ou do rico, criança, homem ou mulher

Pagando o preço dos vícios, em holocaustos e horror

Paralisados tombamos com a vida ainda por viver.

Jamais será normal pais enterrarem os filhos

Vitimas de uma muda guerra vil e perniciosa

Hoje jazem nos lares olhares sem nenhum brilho

Sementes futuras de indiferença tão perigosa.

Nomes esquecidos em túmulos de pedra fria

Jazem aos milhares nas covas de terra nua

Não mais se ouvem seus risos de pura alegria

Nem ecos dos seus passos a ressoar nas ruas.

Grito, brado, não serei silenciada ou corrompida

Nem ficarei omissa, ao alastrar-se todo esse mal

É dever e direito de todos zelar e lutar pela vida

Trazendo de volta alguma ordem natural.