Constituição Natural da Vida

Eterno como as pedras quietas no leito do rio,

preso na liberdade de reverenciar o Sol do dia,

o abraço noturno da Lua, beijo obsceno de luz,

seduz em calafrios o pudor enterrado do querer.

Subalterno desejo de impedir o pedido da vida,

a libido escondida, atrevida história a envolver,

a vida no casulo, presa, antes de borboleta ser,

anulo a cena da alma, rabisco a tela no esboço.

Consterno o labirinto aberto no mês de agosto,

é a arte primeira antes da primavera se atrever,

e canonizar com flores a prisão da natureza só,

é o nó do mundo morto, aborto do desconforto.

É assim a natureza, imóvel explosão de beleza,

que vive e se transforma nas mortes que gera,

das vidas acelera seu motor, um dínamo preciso,

na sua constituição este é o seu primeiro inciso.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 24/08/2013
Reeditado em 28/09/2013
Código do texto: T4449158
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