Constituição Natural da Vida
Eterno como as pedras quietas no leito do rio,
preso na liberdade de reverenciar o Sol do dia,
o abraço noturno da Lua, beijo obsceno de luz,
seduz em calafrios o pudor enterrado do querer.
Subalterno desejo de impedir o pedido da vida,
a libido escondida, atrevida história a envolver,
a vida no casulo, presa, antes de borboleta ser,
anulo a cena da alma, rabisco a tela no esboço.
Consterno o labirinto aberto no mês de agosto,
é a arte primeira antes da primavera se atrever,
e canonizar com flores a prisão da natureza só,
é o nó do mundo morto, aborto do desconforto.
É assim a natureza, imóvel explosão de beleza,
que vive e se transforma nas mortes que gera,
das vidas acelera seu motor, um dínamo preciso,
na sua constituição este é o seu primeiro inciso.