GIRANDO NA RODA VIVA SEM VIDA

Em nosso caminhar pela vida
tão imortais nos sentimos
que acreditamos
nas inverdades que contamos
nas mentiras vãs que inventamos
Sem cerimônia calculamos defesas
sem fé e sem crença
Somos velozes
queimando evidências
Despojados de emoção
subimos escadas sem degraus
Com rumor em nossos passos
fazendo alarde da falsa caridade
marchamos em direção dos muros de sombras
entrelaçados no emaranhado
de braços sem abraços
Sem olhar para trás
com astúsia e perspicácia
ludibriamos a realidade
Impedimos a pureza
de reter nossa hipocrisia
passeamos de mãos dadas com a falsidade
Como justos e bons
falamos com autoridade
sobre Deus, justiça e bondade
Pobre de nós
como mortais que somos
esquecemos da urgência que temos
de pressentir a vida
de fortalecer nossas fraquezas
de amputar nossos vícios
de depurar sentimentos
de perder inutilidades
de deixar florir o belo
de brilhar com a luz que possuimos
de ser o sal da terra
que tempera e preserva
Pobre de nós fatigados
de tanto correr contra a morte
sempre rodopiando
na roda viva sem vida
não percebemos que jaz há tempos
a morte em nós
quando não despertamos
para a vida em espírito
e em verdade
nutrindo a morte que vive
dos orgasmos que abençoa

Sandra Lúcia Ceccon Perazzo
(Sperazzo)
28/03/2007
Arte by Salete