Maniqueísta
De olhos vendados segue a vida
Que cria destinos, matreira, inesperada.
Que sangra a dor da velha ferida
E deixa a noite só, sufocada.
E o bem, óbvio que parece justo.
É deixado de lado abandonado
As escolhas caem sem susto
No mal pútrido, desencarnado.
E o demônio sulfúrico, de mau odor.
Vira perfume, mocinho, sempre perdoado.
Não importa o ato sem pudor
Na verdade onírica, é passado!
E o amor falso com imagens sorridentes
Em frases, fotos, comentário.
Tudo é ilusório, mas é contente.
Nesta redoma de vidro, nunca quebrado.
E sangra sem dó o bem renegado
Em dia insólito, triste, silencioso.
De sua metade foi separado
Repentino, sem motivo, doloroso.
Mundo silente, cego, errado.
Da mentira heroica e mortal.
Que valoriza o hipócrita, abastado.
Brincando confunde o bem e o mal.