Náufragos
Perdido em meio ao oceano de minhas lembranças,
Náufrago na torrente de minhas eternas ilusões,
Lancei-te ao mar meus inúmeros pedidos de socorro,
Lancei-te aos céus meus mais inúteis sinais de fumaça.
Durante tanto tempo aguardei, com profunda esperança,
Que tu visses, recolhesses e atendesses meus senões,
Perscrutando a cada dia o horizonte do alto do morro,
Em que me postei à espera da aguardada e infinda graça.
A cada manhã, vasculhei aflito nas praias cada calhau,
Somente nelas encontrando minhas garrafas retornadas,
Com cada de meus bilhetes escritos, intocados, não lidos,
Por ti ou por quem fosse, quedando-me só, em perene conflito.
Após anos, nem mais a esperança me restava, nenhuma nau
Sequer de mim se aproximara, nenhuma vela fora avistada,
Já duvidava de minha existência, de que até houvesse existido,
Nem tu nem ninguém no mundo ouvira meu pungente grito.
A barba hirsuta de minhas desilusões cobria-me o rosto,
E os cabelos longos e desgrenhados de minha loucura
Eram as únicas vestes que tinha para cobrir os anseios
De minha solidão, bem expostos em meu corpo esquálido.
Resolvi acabar meu sofrimento. Ingressei no mar, disposto,
Mergulhei em suas águas cristalinas e tépidas, à procura
De meu fim, do consolo de teu colo, teu regaço, teus seios,
Em busca do aconchego perdido ou de qualquer sinal válido.
E encontrei afinal a paz buscada, por tanto tempo almejada,
Ao descobrir que, sem que o soubesse, verdade que trago comigo,
Já não mais és a mulher sempre amada, em meus versos exaltada,
Eternamente serás minha musa – mesmo que somente como amigo.
Perdido em meio ao oceano de minhas lembranças,
Náufrago na torrente de minhas eternas ilusões,
Lancei-te ao mar meus inúmeros pedidos de socorro,
Lancei-te aos céus meus mais inúteis sinais de fumaça.
Durante tanto tempo aguardei, com profunda esperança,
Que tu visses, recolhesses e atendesses meus senões,
Perscrutando a cada dia o horizonte do alto do morro,
Em que me postei à espera da aguardada e infinda graça.
A cada manhã, vasculhei aflito nas praias cada calhau,
Somente nelas encontrando minhas garrafas retornadas,
Com cada de meus bilhetes escritos, intocados, não lidos,
Por ti ou por quem fosse, quedando-me só, em perene conflito.
Após anos, nem mais a esperança me restava, nenhuma nau
Sequer de mim se aproximara, nenhuma vela fora avistada,
Já duvidava de minha existência, de que até houvesse existido,
Nem tu nem ninguém no mundo ouvira meu pungente grito.
A barba hirsuta de minhas desilusões cobria-me o rosto,
E os cabelos longos e desgrenhados de minha loucura
Eram as únicas vestes que tinha para cobrir os anseios
De minha solidão, bem expostos em meu corpo esquálido.
Resolvi acabar meu sofrimento. Ingressei no mar, disposto,
Mergulhei em suas águas cristalinas e tépidas, à procura
De meu fim, do consolo de teu colo, teu regaço, teus seios,
Em busca do aconchego perdido ou de qualquer sinal válido.
E encontrei afinal a paz buscada, por tanto tempo almejada,
Ao descobrir que, sem que o soubesse, verdade que trago comigo,
Já não mais és a mulher sempre amada, em meus versos exaltada,
Eternamente serás minha musa – mesmo que somente como amigo.