QUEM É QUE SE IMPORTA?
Sou sim, o poeta da saudade
e do silêncio das horas mortas.
Saudade dos tempos em que o sorriso
e a ternura eram chaves
para descerrar janelas e abrir portas.
Saudade dos tempos em que se vivia
com_paixão.
Saudade do tempo de ser no lugar de ter.
Hoje os tempos andam bicudos
e um ódio surdo faz as alegrias tortas.
Já vi de um tudo e sei que muita gente
pensa que pobre é apenas o indigente.
De minha avó, certa vez, ouvi essa joia rara:
“Pobre mesmo é quem tem muito dinheiro
na conta e pouca vergonha na cara.”
Palavra é gume, faca afiada que corta.
Mas, hoje, quem é que se importa?