Na margem do poema ...
Na margem do poema
Um aceno
Nada mais que um desenho
Irritadiço e sem tamanho
Ou sou eu mesmo
O caminho
Entre o meu eu sem nome
Entre o teu eu que olha
Entre meu eu que some
Entre o teu eu que é porta
Nada mais se diz
Nada mais se sente
Diz-se que é só o que se sente
Na margem
Na margem do poema
Na margem do poema um tempo
Do tempo um tempo sem fim
Queria eu mesmo estar em mim
Queria eu mesmo ter nome
Mas no fim sou só eu quem some
Na margem do poema que você lê
E se, por ventura, eu me repetir
É porque não dá pra ser eu de mim
E outro ao mesmo tempo
Logo quando sobra só a margem
A margem desse eu que tem fim
A margem desse eu mesmo, eu de mim
Que se engole na margem branca
De um poema!