Na margem do poema ...

Na margem do poema

Um aceno

Nada mais que um desenho

Irritadiço e sem tamanho

Ou sou eu mesmo

O caminho

Entre o meu eu sem nome

Entre o teu eu que olha

Entre meu eu que some

Entre o teu eu que é porta

Nada mais se diz

Nada mais se sente

Diz-se que é só o que se sente

Na margem

Na margem do poema

Na margem do poema um tempo

Do tempo um tempo sem fim

Queria eu mesmo estar em mim

Queria eu mesmo ter nome

Mas no fim sou só eu quem some

Na margem do poema que você lê

E se, por ventura, eu me repetir

É porque não dá pra ser eu de mim

E outro ao mesmo tempo

Logo quando sobra só a margem

A margem desse eu que tem fim

A margem desse eu mesmo, eu de mim

Que se engole na margem branca

De um poema!

Tato Silva
Enviado por Tato Silva em 21/08/2013
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