HERANÇA
Ao retratar a índole,
ao mostrar as lágrimas,
de nada vale, sem força física,
ir contra as máquinas,
do governo sem governo!
Operário de salário mínimo,
tem em casa um povo esquelético!
Com fome de saber, fica cadavérico,
com suor pelos poros, pelo máximo,
ao extremo.
Sou escravo, sou cativo
subalterno do chefe altivo...
Na gramática, existe o passivo...
Na ginástica mostra-se o motivo,
do porquê em vão eu vivo!
Planto os produtos,
outros colhem os frutos,
é uma luta sem término,
sem direção, sem trilho,
é de pai para filho!
Entra governo, sai governo...
Entra governo, é reconduzido...
Continua o inferno, o inverno...
O governo é indutor, o povo induzido,
é um motor moto-descontínuo
que nada gira, tem relutância!
O povo tem confiança, tem ânsia
de pelo menos uma vez ser rês
do que ser sempre um novilho
que se perde sem brilho, maltrapilho,
trocadilho, isso é de pai pra filho...
Desde o reinado, herança sem empecilho,
uma confusão, uma encrenca, um sarilho
que do ascendente mais antigo até meu filho,
corrobora que é de pai pra filho do filho!
Ilha Solteira, 1984
Foz do Iguaçu, 2012
Anos bissextos...