OUTONO DO JOVEM ATOR

lança o teu corpo jovem no encanto

teus olhos miúdos e tua boca imatura

a novidade da tua carne

o clamor da tua cultura

dança tua pele festiva no encanto

toda sua sólida ossatura

a beleza do teu sangue

a exatidão da tua cintura

cansa o teu corpo jovem do encanto

todo o teu suor ao pó se mistura

o recesso de teus nervos

o desbotar da pintura

amansa tua fera à espreita do encanto

desfaz-se a impávida postura

eis a carcaça exangue

a equivocada arquitetura

lança teu corpo jovem portanto

na cova fresca sem assinatura

teu contorno finito

tua pálida estrutura

criança crescida no entanto

o coração rompendo na costura

acaba em arroubos de bangue-bangue

a inocente aventura