AS CICATRIZES DA ALMA
ERAM NOVE HORAS
ELE CHEGOU A PRAÇA
SENTOU NA BEIRA DA CALÇADA
OLHOU O RELÓGIO
E PÔS-SE A ESPERAR
O SOL SUBIA
O TEMPO PASSAVA
ELE OLHOU PRO RELÓGIO
JÁ PASSAVAM DAS ONZE
OLHOU PRUM LADO
OLHOU PRO OUTRO
SENTOU SE NUM BANCO
ABRIU A SACOLATIROU A VIOLA
PRA PODER DEDILHAR
SEU RELÓGIO
JÁ IA PRA LÁ DAS TREZE HORAS
LEVANTOU SE
PASSOU O LENÇO NO ROSTO
PRA ENXUGAR O SUOR
UM SUOR FRIO
QUE ELE NÃO SABIA SE VINHA DO SOL ARDENTE
OU DA ALMA CARENTE
DE REPENTE, OLHOU PRA CIMA
JÁ ERA NOITE
ELE LÁ SÓ
ELA NÃO VEIO
LEVANTOU SE ENSACOU A VIOLA
VOLTOU A CAMINHAR
CAMINHAVA SEM DIREÇÃO
DOR EM SEU CORAÇÇÃO
A CHINELA ARRASTANDO NO CHÃO
PASSOS LENTOS
SEM HORIZONTE , SEM RAZÃO
A NOITE ESCONDIA
A PEQUENA LÁGRIMA
QUE LHE ROLAVA NO ROSTO
A NOITE ESCONDIA
AS CICATRIZES DA ALMA
QUE TEIMAVAM EM SANGRAR
JEMAVENI
15102007055851103092