DOR

Contemple a ausência.

É lá, onde a natureza desistiu de tudo

que enterro os resquícios da oração.

Entreguei a última agora a pouco,

enquanto desistia da fé e ainda assim

trazia em algum canto obscuro do peito

a crença sem nome que não me viu declinar.

Então, talvez nunca tenha gritado tão alto,

que pudesse colocar anjos e corvos em debandada.

Mas isso não importa quando a escuridão invade os olhos

e torna a noite apenas uma imensa impossibilidade.

O corpo adoece mas está alheio à inércia da mente.

E estando em chagas ainda assim é alento

porque ainda vivo espera pelo futuro.

Criar, para justificar o maligno

que envenena todas as horas pendentes.

Sempre retornarei pra você,

mas com quais ferimentos e estranhezas?

Só acredito nos tempos gélidos

que irão congelar minhas mãos.

Nunca mais então estarão postas

para conter a dor, este verme disforme

que se alimenta do amor por tantas coisas.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 19/08/2013
Código do texto: T4442161
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