Se um dia...



Se um dia, em tua vida, nesta longa caminhada,
Em que te lançaste assim, intrépida, afoita,
Te sintas perdida, como em uma encruzilhada,
Sentindo na face o bramir do vento que açoita.
Se teus pés, braços e pernas doridos, exaustos,
Peito arquejante pelo esforço inaudito de viver,
E sentires o cansaço e o desânimo em pleno claustro,
Prisioneira nesta vida infinita de tanto sofrer.

Se um dia, amigos e amores, debalde procurares,
Em busca talvez de um único afago, derradeiro,
E por mais que caminhes, jamais os encontrares,
Eles partiram e te deixaram, não eram verdadeiros.
Se um dia, quem sabe, em noite fria e chuvosa,
Sentires o peso da solidão, da desesperança,
E nem mesmo mais tiveres quem te dê prosa,
E te sintas frágil, como desprotegida criança.

Se um dia sentires rolar em tua face, incontida,
De teus olhos tristes já sem o brilho do passado
A mais sentida lágrima, réstia de tua própria vida,
Eu a secarei com beijos de carinho, estarei a teu lado.
Eu te tomarei e acolherei de novo em meus braços,
Eu agasalharei teu frio, realimentarei tua esperança,
Eu farei com que tornes à vida em um profundo abraço,
Pois sempre serás minha garotinha, minha criança.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 19/08/2013
Reeditado em 04/09/2017
Código do texto: T4442026
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