NO SOBRADO DO RECIFE
NO sobrado da minha vida
Não há mais moçoila casadoira
olhando rapazes fogosos...
Há, apenas, o silêncio.
A escada leva ao ápice
misto de diversão e sonho
Mas existe também o desejo contido,
o desejo antigo
do Recife antigo como o sobrado.
A história grita no sobrado.
cabeças enfeitam o ambiente
como monstros guardam a entrada.
O vazio de mim se confunde com o silêncio no sobrado.
Sonhos antigos,
toques presentes,
corpos entrelaçados construindo história.
No sobrado, há a vontade
na vontade, no entanto
o choque, o não...o impasse...a indecisão.
a entrada do sobrado
é grandiosa, velha,
enferrujada.
Emperra ao abrir,
mas duro, no entanto, está o desejo.
Mais tenso,
mais rijo...
de estar no sobrado,
se sentir o desejo...
Massagiar o corpo do sobrado,
alisá-lo
retê-lo,
absorvê-lo
Se permitir com ele
e nele.
No sobrado da minha vida
sombras,
sobras e
sonhos se confundem no
silêncio de mim.