NO SOBRADO DO RECIFE

NO sobrado da minha vida

Não há mais moçoila casadoira

olhando rapazes fogosos...

Há, apenas, o silêncio.

A escada leva ao ápice

misto de diversão e sonho

Mas existe também o desejo contido,

o desejo antigo

do Recife antigo como o sobrado.

A história grita no sobrado.

cabeças enfeitam o ambiente

como monstros guardam a entrada.

O vazio de mim se confunde com o silêncio no sobrado.

Sonhos antigos,

toques presentes,

corpos entrelaçados construindo história.

No sobrado, há a vontade

na vontade, no entanto

o choque, o não...o impasse...a indecisão.

a entrada do sobrado

é grandiosa, velha,

enferrujada.

Emperra ao abrir,

mas duro, no entanto, está o desejo.

Mais tenso,

mais rijo...

de estar no sobrado,

se sentir o desejo...

Massagiar o corpo do sobrado,

alisá-lo

retê-lo,

absorvê-lo

Se permitir com ele

e nele.

No sobrado da minha vida

sombras,

sobras e

sonhos se confundem no

silêncio de mim.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 18/08/2013
Reeditado em 18/08/2013
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