[A pensura da vida]

A vida é pensa, é manca, tracoleja,

mas não para, demuda-se sempre,

ou, devora-se — tem fome de si mesma!

A fé de ir-me do meu inferno...

E por quê?! Para quê?!

Também, se eu fosse,

eu correria o risco [platônico] de voltar;

retornar ao inferno é resgatar o tédio

e produzir o enfado do "já-te-vi"!

A pensura inata da vida

é sempre para um lado só - o abismo!

Mas os bêbados os loucos, os ingênuos

se julgam inabismáveis, transcendentais:

são pensos para dois inexistentes:

o Infinito de antes e o de depois...

Já disse, repito: eu me recrianço,

pois estou sempre no trem que leva;

é doce-amargo ser penso para o abismo!

Em toda essa prosa besta,

só me esqueci de uma coisinha:

amar, amar intensamente é estar no inferno, é?

Se for, quero já a minha passagem de volta!

Arreda daí pessimismo meu! O Amor —

será outra pensura natural da vida... será?

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[Desterro, 18 de agosto de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 18/08/2013
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