[A pensura da vida]
A vida é pensa, é manca, tracoleja,
mas não para, demuda-se sempre,
ou, devora-se — tem fome de si mesma!
A fé de ir-me do meu inferno...
E por quê?! Para quê?!
Também, se eu fosse,
eu correria o risco [platônico] de voltar;
retornar ao inferno é resgatar o tédio
e produzir o enfado do "já-te-vi"!
A pensura inata da vida
é sempre para um lado só - o abismo!
Mas os bêbados os loucos, os ingênuos
se julgam inabismáveis, transcendentais:
são pensos para dois inexistentes:
o Infinito de antes e o de depois...
Já disse, repito: eu me recrianço,
pois estou sempre no trem que leva;
é doce-amargo ser penso para o abismo!
Em toda essa prosa besta,
só me esqueci de uma coisinha:
amar, amar intensamente é estar no inferno, é?
Se for, quero já a minha passagem de volta!
Arreda daí pessimismo meu! O Amor —
será outra pensura natural da vida... será?
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[Desterro, 18 de agosto de 2013]