BALADA ZEHOMÉRICA (psicografia de um esquecido)
Ei, você... Você... Você...
Você nu aí no canto
Sim, você que engole o pranto,
Sim, você... Nunca será
Dessa terra de caretas
Quem mandou não ter chapéu?
Quem mandou não chacoalhar,
Não saber cuspir pra o céu
Conforme a banda tocar?
Você, não... Nunca será
Dessa terra de caretas
Essa tua poesia,
Seu otário!
Não fala de putaria,
Seu otário!
Não dedica a cantoria
Ao otário
Que comanda a caretice...
Ordinário!
Sim, você... Jamais será
Dessa terra de caretas
Quem mandou não babar ovo,
Seu babaca!
“Ser careta é ser do povo”,
Seu babaca,
Pobre carta enfim banida
Do baralho
Viciado em comodismo...
Seu otário!
Você não, jamais, não mesmo,
Nunca sim, mil vezes nunca,
Não e não, jamais será,
Nem com a peste, nem com a gota,
Nem de azul ou de vermelho,
Nem que a agulha estupre a mosca
Que há no fundo do camelo,
Nem à bala... Você, mala,
Mole é seu falo sem pelo
Que você balança e estala
Como fosse ingrato relho
Respingando prostitutas
Sons com pus, esperma e tretas.
Sem dever, nunca será
Dessa terra de caretas
É preciso que enlouqueça
Pra que possam te aceitar
Nessa terra de caretas,
De robôs, manés, maná...
Do contrário, nobre amigo,
Não se mate a poetar,
Pois não deixarão que esqueça:
Quem mandou ser tão cabeça?
Dessa terra de caretas
Você não... Jamais será.