Deixo a vida como deixo o tédio.
Álvarez de Azevedo
Noturno
Enquanto a loucura não me abraça
E as vestes da morte não me sepulta
Cubro de luto os pensamentos.
Enquanto a vida não me corrói inteiro
E os olhos abertos cegando nevoeiro
Construo outros sentimentos.
Enquanto meu ser manter fidelidade
Ao meu ser fiel a infelicidade
Descubro um mundo desabitado.
Enquanto estiver debaixo dos escombros
Sentindo o peso dos dias nos meus ombros
Não mudarei o que não será mudado.
Enquanto a luz clarear a escuridão
Caverna escura habitando o coração
Nevego por sonhos imaginários.
Enquanto a parte obscura do meu ser
Quiser mais um dia sobreviver
Construo a minha cruz e calvário.
Enquanto o lado noturno me quiser
E uma força estranha me disser
Não é hora ainda da partida.
Vivendo e tropeçando manco
Aos trancos e barrancos
Vou me despedido aos poucos dessa vida.
Tony Bahi@.