OLHAR NOTURNO
(Sócrates Di Lima)
Olho da janela a noite chegar,
O vento frio em rajadas gélidas,
Tocam minha face devagar,
E deixa meu olhar em gotas sólidas.
E o calor que evapora de dentro de mim,
É como a saudade em fornalha,
Mas não é tão ruim,
pois da face um efêmero suspiro não falha.
E assim a noite caminha,
No meu olhar noturno,
Uma visão só minha,
Olhar diferente ao diurno.
Talvez um olhar vago,
Sem o outro olhar na linha da visão,
E neste olhar eu trago,
Tonalidade turva na curva da escuridão.
Vejo vazia a via láctea real,
não há nela a luz do seu olhar,
Nem as cores da aurora boreal
Nem a miragem da luz solar.
Fecho os olhos no negro véu,
Como as ondas negras do neptuno,
Fecho-me somente com as estrelas do céu,
E me entrego apenas aos raios perdidos de um olhar noturno.