Noite Negra e Inexata.
Oh noite negra, que me dizes teu breu?
Companheira ao vento gélido que sopra calado,
Não me negas um suspiro, dou-lhe tudo que é meu.
E te amo como que, me derreto enganado.
Confundes meu sentidos, ludibria meu ser,
Me corta as passadas do puro poder.
Em teus braços eu deito, e caio no sono.
Relaxo o meu fardo e pouso minhas mágoas.
Te converto te domo e navego em tuas águas,
És minha amante e eu sou teu mordomo.
Oh noite cantora de belas poesias,
Seu canto me nina em torpor sepulcral.
Ninfa promiscua, és virgem em orgia,
Me entrego a seus vícios feroz animal.
Me rendo aos teus: encanto e magia.
Não vendo em teus olhos reflexo do mal.
Me engana, me rouba e me mata
Me faz escravo me deixa perdido,
Me atormenta e exprime em todo sentido,
Buscando verdades, apela e maltrata.
Na lamúria do grito que ecoa e desata.
Sinto a dor eclodindo num gemido,
É o clamor sem desdém desse conflito,
Dessa noite incompleta e inexata.