Sonho assustado
Noite alta, os olhos fechei pra dormir
Cama fria, não tem cheiro o cobertor
Quarto sujo, escuro, chão empoeirado
Ao lado um livro, uma história de amor
Posso dos amantes o sofrer ainda sentir
Desci a rua andando em meu sonho
Que se mais rápido me encontra acordado
Tão nítido, inesquecível se apresenta
De lenta forma, que me deixa assombrado
Foi meio triste, misterioso, medonho
Em plena noite passa um fúnebre cortejo
Um caixão escuro de criança vão levando
Uma voz de moça eu escuto de repente
Tremente voz pelo meu nome chamando
Desconfiado de me aproximar desejo
Ao chegar perto daquele lacrado caixão
E da criança vejo o rosto pelo vidro
De uma prima há muito tempo falecida
Colhida flor antes de ser o sol nascido
Com violência fora arremessada ao chão
Pra que mais uma despedida seja feita
A moça abrir o caixão quer a todo custo
Pra que não seja assim, eu muito insisto
Desisto, o caixão é aberto e logo um susto
Algo acontece que ninguém jamais suspeita
Ela abre os olhos sem qualquer um perceber
Muito assustado tento a todos alertar
Chorosos não me ouvem nem olham pra mim
Assim, tem todo o tempo para se ajeitar
Pula e meu braço logo começa a morder
Lanço-a pra longe de mim, e ela se põe a chorar
Contra mim logo se volta num instante a multidão
Dizendo que eu matei quem outra vez reviveu
Besteira! clamei, me derrubaram no chão
Desesperado, assombrado, acabo de acordar.