Janelas
(percepção a partir de uma noite de inverno em São Paulo)
Outro inverno está nos ares,
Está nas ruas, nos ossos:
Tem quem busca por seus pares
E outros, por seus destroços...
São dez milhões de janelas
e nelas, tantos segredos...
as dores que se revelam
também se escondem com medo
São dez milhões nesse mundo
De bruços nos parapeitos,
Choro que corta profundo
Como lâmina no peito...
Um gelo, um golpe, uma adaga
Dilacerando a esperança:
Frágil barco que naufraga,
Mar tenebroso que avança...
São dez milhões de janelas
E nelas, tantos segredos
A ira que ainda vela
Também se esconde com medo.
Ai solidão de quem chora!
Chora de angústia, aflição...
Ai dor que não vai embora!
Ai noite de solidão!
Um gelo, um golpe, uma adaga
Dilacerando a esperança:
Frágil barco que naufraga,
Mar tenebroso que avança...
O inverno invadiu os ares,
Entrou no sangue e nos ossos:
Os que buscavam seus lares
Hoje buscam seus destroços...
Tão poucos que pedem bis
Pra tantos que dizem não!
E aquele que nada diz
Soluça... sem solução!
São Paulo, 14 de agosto de 2013 – 21h20